
O impasse que mobilizou
Joanópolis nos últimos dias chegou ao fim: a Casa da Cultura, fundada em 2005
pela ONG Pró-Joa e considerada um marco de resistência artística e participação
social no município, já não ocupa mais o prédio histórico localizado na praça
central da cidade. O local, cedido inicialmente sem custos em apoio ao projeto
por um influente empresário da cidade, foi durante anos palco de expressivas
atividades culturais, como peças de teatro, shows, congressos, exibições de
cinema, além de importantes encontros da comunidade, com um auditório que
abrigava mais de 300 pessoas.
Desde sua fundação, a Casa da
Cultura foi consolidada graças ao esforço conjunto de associados, empresários,
apoiadores e simpatizantes que, por meio de doações e projetos, transformaram o
espaço num ponto de referência para a cultura joanopolense. Ressaltamos
novamente que, atualmente, a Casa da Cultura recebe apenas um incentivo público
anual na ordem de R$ 60 mil, reforçando o reconhecimento da cultura como
direito essencial da população – enquanto o munícipio não conta com um espaço
próprio destinado as ações culturais, sociais, coletivas e de responsabilidade
da administração pública.
No entanto, diante da
solicitação formal de devolução do imóvel — cujo prazo se encerrava no dia 26
de abril — reacenderam-se os debates entre o direito à cultura e o respeito à
propriedade privada. O impasse, que gerou grande repercussão nas redes sociais
e movimentou lideranças culturais e políticas locais, culminou novamente em
muitas dúvidas e insegurança com a desocupação definitiva do prédio: a Casa da
Cultura foi (ou irá) para onde? Quem dará seguimento no lugar da atual gestora
quando findar o mandato desta (2025)? Quem assumirá a responsabilidade? Onde a
casa irá se instalar?
Já no dia 1º de maio, o imóvel
passou pela finalização de uma nova pintura externa, apagando as artes visuais
que decoravam a fachada da Casa da Cultura — e, também, motivo de controvérsia
entre parte da população e os responsáveis pela gestão do espaço. A mudança, no
entanto, foi amplamente aprovada nas redes sociais, recebendo elogios e total
apoio de uma parcela significativa da comunidade.
Segundo informações do
proprietário, o prédio deverá permanecer com a pintura atual enquanto durem as
obras para adaptação a um novo projeto, que será executado para o futuro
locatário ao longo dos próximos oito a nove meses. Até o momento, não há informações
oficiais sobre uma nova sede ou continuidade das atividades culturais
anteriormente realizadas ou em andamento no local.
O jornal Tribuna,
que acompanhou e registrou os passos da Casa da Cultura desde seus primeiros
dias, reafirma seu compromisso com a informação pública e com a promoção de
debates que garantam o fortalecimento da cultura local. Em tempos de transição,
a cidade enfrenta o desafio de manter viva sua produção cultural e assegurar
que ela continue sendo uma expressão fundamental da cidadania, da memória e da
identidade joanopolense.
*Reportagem publicada no
impresso Jornal TRIBUNA da Cidade – Edi. 195 - maio 2025.