“Reflexões sobre o que nos move, nos toca e nos transforma.”

O Natal e o encerramento de mais um ano são momentos que nos convidam à reflexão. É como se o calendário nos lembrasse que o tempo segue, e com ele, nossas promessas, planos e sonhos. Alguns olham para trás e percebem metas não cumpridas; outros renovam votos de que “desta vez será diferente”. Há quem prometa abandonar velhos hábitos, enquanto outros seguem acreditando que nada muda, e talvez nem vá mudar.

Mas será mesmo assim? Esses dois marcos do ano carregam um poder simbólico: o da renovação da esperança. E esperança não é apenas esperar. Como bem nos ensina Paulo Freire, “esperançar” é verbo de ação. É acreditar que podemos viver melhor, com mais saúde, mais amor, mais sentido. É fortalecer-se diante das dificuldades e ressignificar experiências.

Esperançar é movimento. É olhar para o que não deu certo e aprender, sem se aprisionar ao passado. É projetar o futuro com coragem, mesmo sabendo que não temos controle sobre tudo. É escolher, todos os dias, pequenos gestos que nos aproximem do que desejamos ser.

Na perspectiva psicanalítica, esse movimento de renovação dialoga com a ideia de repetição e elaboração. Freud nos lembra que tendemos a repetir padrões, mas também temos a capacidade de elaborar experiências, transformando dor em aprendizado. Ao refletir sobre o ano que passou, não se trata de negar falhas, mas de compreendê-las para que não se tornem prisões invisíveis. A esperança, nesse sentido, é um ato psíquico: ela nasce quando conseguimos dar novo significado ao que vivemos.

Neste fim de ano, que tal trocar a cobrança por acolhimento? Em vez de listas intermináveis de metas, que tal um compromisso simples: cuidar de si e do outro com mais humanidade? Porque, no fundo, a esperança é isso: acreditar que, apesar dos desafios, ainda vale a pena construir caminhos para uma vida mais plena.

Esperançar é ousar romper a repetição e criar, dentro de nós, um espaço para o novo.

Sou Renata Machado, Psicóloga (CRP 06/220838) com ênfase em Psicanálise, e acredito que o acolhimento começa dentro de nós. Você já se escutou hoje? Já se permitiu sentir, refletir, cuidar das suas emoções com carinho? Acolher-se é um ato de coragem e amor próprio. Vamos conversar mais sobre isso?

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*Artigo publicado no impresso Jornal TRIBUNA da Cidade – Edi. 201 - dezembro 2025