“Reflexões sobre o que nos move, nos toca e nos transforma.”

Homens e Emoções: O Silêncio que grita

Novembro Azul é mais do que uma campanha de prevenção ao câncer de próstata. É também um convite à reflexão sobre a saúde integral do homem: saúde física, mental e emocional. E quando o assunto é emoção, ainda enfrentamos um muro alto e espesso. A resistência masculina em acessar e expressar seus sentimentos.

Desde cedo, muitos homens são ensinados a engolir o choro, a vestir a armadura da força e a sufocar a vulnerabilidade. Frases como “homem não chora” ou “aguenta firme” moldam uma masculinidade rígida, que cobra silêncio emocional como prova de virilidade. O resultado? Uma geração de homens que sofre calada, que não sabe nomear o que sente e que, muitas vezes, só busca ajuda quando a dor já transbordou em forma de ansiedade, depressão ou adoecimento físico.

A saúde emocional masculina ainda é um tabu. A dificuldade de se abrir, de pedir ajuda ou de admitir fragilidade não é falta de sensibilidade. É medo. Medo de julgamento, de parecer fraco, de perder o respeito. Essa resistência emocional não é apenas um traço de personalidade, mas um reflexo cultural que precisa ser desconstruído.

O papel da escuta e do acolhimento é fundamental. Criar espaços seguros, onde homens possam falar sem serem ridicularizados, é essencial. A psicoterapia individual, ou como norteadora de rodas de conversa e grupos de apoio, pode ser ponte para esse acesso emocional. E mais do que incentivar o autocuidado físico, é preciso promover o autoconhecimento como parte da saúde masculina.

Novembro Azul também é sobre coragem emocional.

Falar de sentimentos, admitir medos, reconhecer traumas. Tudo isso exige uma bravura que vai além da força física. É hora de ressignificar o que é ser homem. Ser homem também é ser sensível, é saber pedir ajuda, é cuidar de si por inteiro.

Neste Novembro Azul, que tal ampliar o olhar? Que a prevenção ao câncer de próstata seja o ponto de partida para uma conversa mais profunda sobre o que realmente adoece e cura os homens.

Sou Renata Machado, Psicóloga (CRP 06/220838) com ênfase em Psicanálise, e acredito que o acolhimento começa dentro de nós. Você já se escutou hoje? Já se permitiu sentir, refletir, cuidar das suas emoções com carinho? Acolher-se é um ato de coragem e amor próprio. Vamos conversar mais sobre isso?

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*Artigo publicado no impresso Jornal TRIBUNA da Cidade – Edi. 200 - novembro 2025