Outubro: um mês que celebra a inocência, fé e sabedoria

Publicada em: 15/10/2025 15:43 -

Outubro carrega em si um simbolismo raro, reunindo, em poucos dias, três datas de profundo significado para o Brasil: o Dia das Crianças (12/10), a festa de Nossa Senhora Aparecida (12/10) – padroeira do país –, e o Dia do Professor (15/10). Três celebrações distintas que, quando unidas, revelam uma poderosa narrativa sobre o que realmente deve nos guiar como sociedade: inocência, fé e docência.

Celebrar o Dia das Crianças – símbolo da esperança e verdade, é muito mais do que oferecer presentes ou entretenimento. É um convite a olhar para o futuro com responsabilidade e ternura. A criança, em sua essência, representa o que há de mais puro e promissor. No Brasil, segundo dados do IBGE (2023), mais de 46 milhões de brasileiros têm até 14 anos – quase um quarto da população. Esses milhões de meninos e meninas não apenas herdarão o país que construímos, mas já vivem nele, enfrentando desigualdades, desafios educacionais e carências afetivas.

Proteger a infância é proteger o futuro. E é dever de todos – Estado, escola, famílias, igrejas e sociedade civil – garantir não apenas o acesso aos direitos básicos, mas também o cultivo da alegria, da criatividade e da liberdade de ser criança.

No mesmo 12 de outubro em que celebramos as crianças, o Brasil se volta à sua padroeira: Nossa Senhora Aparecida, a fé que une um povo. Mais do que um ícone religioso, Aparecida é símbolo de acolhimento, resistência e devoção. A história da imagem negra encontrada por pescadores no rio Paraíba do Sul em 1717 fala diretamente à alma brasileira: a fé que brota do improvável, a esperança que emerge da simplicidade.

Milhões de fiéis visitam anualmente o Santuário Nacional de Aparecida, considerado o maior templo mariano do mundo. Em tempos de incerteza, intolerância e desesperança, a mensagem de Aparecida é um apelo à união, ao cuidado com o próximo e à confiança em algo maior. É uma fé que abraça, não exclui. Que consola, mas também encoraja a agir.

Já em 15 de outubro, celebramos aqueles que têm a missão mais silenciosa e transformadora de todas: os professores – quem ensina a construir o amanhã. É deles o ofício de acender luzes nas mentes, de formar cidadãos, de libertar pelo conhecimento. No entanto, a valorização da docência ainda está longe de ser ideal. Segundo a OCDE (2022 – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil figura entre os países onde os professores recebem os salários mais baixos e enfrentam altos índices de estresse e desvalorização.

Apesar disso, seguem firmes. Por vocação, por amor, por compromisso. Ensinar é um ato de fé – fé na criança, fé na transformação, fé na educação como único caminho possível para a verdadeira mudança. Celebrar o Dia do Professor é reconhecer que nenhuma nação se levanta sem antes respeitar seus mestres.

Outubro nos ensina, e nos recorda; que a inocência das crianças não seja apenas celebrada, mas protegida. Que a fé que nos une seja capaz de vencer o ódio, a apatia e a desesperança. E que a docência, tantas vezes invisível, seja finalmente colocada no centro do projeto de país que desejamos.

Neste mês tão simbólico, sejamos todos um pouco mais crianças, mais devotos e mais mestres. Pois só assim poderemos sonhar – e construir – um Brasil mais justo, mais solidário e mais iluminado.

 

*Reportagem publicada no impresso Jornal TRIBUNA da Cidade – Edi. 199 - outubro 2025

 

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