TRIBUNA NO DIVÃ: Setembro Amarelo

Publicada em: 22/09/2025 13:51

Reflexões sobre o que nos move, nos toca e nos transforma.

Nesta coluna, o cotidiano ganha voz e escuta. A cada edição, vamos explorar os encontros entre psicologia, saúde e vida comum — aquilo que sentimos, pensamos e vivemos, muitas vezes sem perceber.  Aqui, o divã é simbólico: um espaço de acolhimento, análise e troca. Vamos falar sobre relações, escolhas, bem-estar, trabalho, emoções e tudo o que compõe a experiência humana. Mais do que respostas prontas, esta tribuna propõe perguntas que nos convidam a pensar, sentir e transformar. Porque entender a mente é também entender o mundo — e vice-versa.

SETEMBRO AMARELO

Outras portas, outros caminhos

O mês de setembro nos convida a olhar com mais atenção para um tema delicado: o sofrimento emocional profundo, muitas vezes invisível aos olhos de quem está por perto. Uma dor silenciosa que, em alguns casos, leva alguém a tomar uma decisão extrema — como se fosse a última possibilidade de pacificar o coração, a mente e o corpo.

Falar sobre isso não é fácil. E talvez nunca seja. A decisão de encerrar o próprio processo humano é, sim, uma escolha — dolorosa, complexa, envolta em medos, desejos, frustrações e fantasias. Para quem está de fora, fica a pergunta: por que alguém faria isso? E junto dela, tantas respostas precipitadas: “é egoísmo”, “é falta de fé”, “é fraqueza”. Mas a verdade é que não sabemos nada da dor do outro.

A psicologia nos ensina que cada sujeito é único. Cada um vive suas experiências de forma singular, com sua história, seus traumas, suas faltas. E diante disso, o que podemos fazer?

Talvez a resposta não seja tão clara. Talvez ela frustre. Mas há algo que podemos tentar: estar presentes. Quantas vezes estamos tão imersos em nossas rotinas que não percebemos o sofrimento de quem está ao lado? Quantas vezes julgamos sem escutar, minimizamos sem compreender?

Setembro Amarelo não deveria ser apenas um mês de alerta. Deveria ser um convite permanente à escuta, ao acolhimento, ao diálogo. Falar sobre saúde mental, sobre dores psíquicas, sobre frustrações — sim, nem tudo vai sair como gostaríamos — é abrir espaço para que outras portas sejam vistas. Porque há outros caminhos. Há outras saídas. E há sempre alguém que pode ajudar a enxergá-las.

Que possamos transformar o silêncio em conversa, o julgamento em empatia, e a distância em presença. Porque, às vezes, tudo o que alguém precisa é saber que não está sozinho.


Sou Renata Machado, Psicóloga com ênfase em Psicanálise, e acredito que o acolhimento começa dentro de nós. Você já se escutou hoje? Já se permitiu sentir, refletir, cuidar das suas emoções com carinho? Acolher-se é um ato de coragem e amor próprio. Vamos conversar mais sobre isso? E-mail: renatamachado.psic@gmail.com / Instagram: @RenataSuthoffPsic

*Artigo publicado no impresso Jornal TRIBUNA da Cidade – Edi. 198 – setembro 2025 

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